Stellantis vê no etanol a chave da liderança brasileira na transição energética global
21-10-2025

Vice-presidente de Assuntos Regulatórios da companhia afirma que o Brasil tem credenciais únicas para mostrar na COP30 seu modelo de descarbonização baseado em biocombustíveis
Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), que será realizada em Belém - PA entre os dias 10 e 21 de novembro, o debate sobre o papel do Brasil na transição energética global ganha força. Para João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul, o país tem uma oportunidade histórica de se posicionar como referência mundial em sustentabilidade, com o etanol como principal diferencial competitivo.
“O etanol é a grande vantagem do Brasil para uma transição energética limpa e eficiente”, afirmou Medeiros durante o painel “Acelerando a Transição Justa: Soluções Energéticas e a Indústria do Futuro”, promovido pelo CNN Talks COP30 na última quarta-feira (15). Segundo ele, o país pode aproveitar a visibilidade da conferência para apresentar ao mundo um modelo de descarbonização sólido, sustentável e socialmente inclusivo.
Medeiros lembrou que o etanol, criado nos anos 1970 como resposta às crises do petróleo, ganhou novo papel estratégico na era da descarbonização. “O etanol é baixo carbono, é renovável e tem um ciclo virtuoso: o CO₂ emitido na combustão é absorvido novamente pela cana-de-açúcar na safra seguinte”, explicou.
O executivo destacou que o Brasil possui uma vantagem estrutural frente a outros mercados: 30% do combustível consumido pela frota nacional é etanol. “É como se 30% dos nossos veículos fossem 100% elétricos. Qual país tem isso?”, questionou. Para ele, o modelo brasileiro representa uma transição energética gradual e equilibrada, sem rupturas econômicas ou sociais. “Enquanto outros países dependem do carro elétrico puro, aqui conseguimos reduzir emissões com a frota existente”, completou.
A Stellantis, dona de marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram e Abarth, aposta nesse potencial. A empresa anunciou R$ 30 bilhões em investimentos no Brasil entre 2025 e 2030, destinados ao desenvolvimento de tecnologias híbridas e elétricas adaptadas à realidade nacional. Modelos como o Fiat Pulse, o Fastback e os novos Peugeot 208 e 2008 já incorporam motores híbridos compatíveis com o uso de etanol.
A meta da montadora é que, até 2030, metade dos veículos novos vendidos no país tenha algum nível de eletrificação — desde versões híbridas leves até sistemas mais avançados. “O desafio é localizar a produção de motores elétricos, baterias e componentes no Brasil, gerando valor e tecnologia aqui dentro”, destacou Medeiros.
O executivo também ressaltou o papel dos programas públicos de eficiência energética, que criaram uma base sólida para o avanço do setor automotivo. De Inovar-Auto a Rota 2030 — e com o futuro programa Mover, previsto para 2027 — o Brasil consolidou metas progressivas de redução de emissões. “Esses programas reduziram em 35% as emissões de CO₂ em apenas dez anos e elevaram a eficiência dos veículos leves e comerciais”, disse.
Para Medeiros, o feito coloca o Brasil em posição de destaque entre as economias em desenvolvimento. “Procure outro país que tenha reduzido 35% das emissões em uma década. Não vai encontrar. Precisamos dizer isso com orgulho”, reforçou.
Ao olhar para a COP30, o vice-presidente da Stellantis vê um palco ideal para o Brasil demonstrar ao mundo que é possível combinar crescimento econômico com sustentabilidade. “Temos um modelo único, construído com base em biocombustíveis e na inovação industrial. O etanol é nossa credencial mais forte para liderar uma transição justa e inclusiva”, concluiu Medeiros.
Com informações da CNN