Sucroalcooleiro e milho puxam resultados para baixo
23-12-2014

As quedas nas exportações de açúcar, Etanol e Milho empurraram para baixo o resultado das vendas externas do agronegócio em 2014. No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, as exportações de todo o setor somaram US$ 96,372 bilhões, em baixa de 4,3% frente aos US$ 100,74 bilhões exportados nos 12 meses anteriores.

Excluídos o setor sucroalcooleiro e o Milho, as vendas cresceram 2,3%, evoluindo de US$ 80,143 bilhões para US$ 82,011 bilhões, puxadas principalmente pelo avanço nas vendas de café, carnes, Soja e derivados e couros. A participação dos dez produtos líderes em exportação no agronegócio recuou ligeiramente, de 33,4% para 32,7% na comparação entre os mesmos períodos, refletindo retração de 2,6% (de US$ 80,05 bilhões para US$ 77,96 bilhões).

"Tivemos um ano excepcional, com o segundo melhor resultado da série histórica", comemora Fábio Trigueirinho, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). As exportações do complexo Soja não cresceram, mas estiveram próximas do recorde de 2013, recuando levemente de US$ 30,965 bilhões para US$ 30,705 bilhões na mais recente estimativa da associação, fechada no começo de dezembro. As exportações de carnes acumuladas nos 12 meses até novembro deste ano cresceram 3,5%, para US$ 17,376 bilhões nos dados do Ministério da Agricultura, que destaca o salto de 16,4% nas vendas de Carne Suína.

A indústria do couro espera encerrar o ano com exportações de quase US$ 2,8 bilhões, num avanço em torno de 11,5% em relação a 2013, quando foram exportados US$ 2,51 bilhões, de acordo com José Fernando Bello, presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

Nos primeiros 11 meses do ano, as vendas externas cresceram 18,6% diante do mesmo período de 2013 e somaram US$ 2,69 bilhões.

"Foi um ano muito importante para a diversificação de destinos do couro brasileiro. Conseguimos abrir novos mercados, em especial no sudeste da Ásia, o que dá mais segurança comercial à indústria do setor", destaca Bello.

A expectativa de quebra da safra brasileira de café, que responde por pouco mais de um terço das exportações mundiais do grão, fez os preços da commodity entrar em forte recuperação neste ano. Em Nova York, aponta Guilherme Braga, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Ce- Café), a cotação dos cafés arábicas saltou de US$ 1,05 por libra-peso na primeira quinzena de dezembro do ano passado para US$ 1,80 no início do último mês deste ano.

"Houve uma recuperação, já que, em outubro de 2011, a libra-peso do arábica estava cotada a US$ 2,50", detalha Braga.

Na safra 2013/14, o país deverá colher, em sua previsão, algo em torno de 45 milhões a 47 milhões de sacas, significando um perda em torno de 3 milhões de sacas em relação à expectativa inicial. Mas as exportações deverão alcançar uma marca histórica, aproximando-se de 36 milhões de sacas, com receitas de US$ 6,4 bilhões (ainda abaixo do recorde de 2011, quando as vendas externas superaram os US$ 8,0 bilhões).

Segundo Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de- Açúcar (Unica), o desempenho da próxima safra, que será definido principalmente pelo comportamento do clima até março, será determinante, mas o ânimo dos exportadores dependerá ainda da evolução do câmbio, da volta ou não da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) para a gasolina e do próprio comportamento do mercado doméstico, no caso do Etanol especificamente.

Lauro Veiga Filho