Tamo Junto!
23-12-2015

A cana-de-açúcar abraça a natureza

Luciana Paiva e Clivonei Roberto

No século XVI, quando a cana chegou ao Brasil, o bioma Mata Atlântica ocupava o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A cana-de-açúcar foi a primeira atividade econômica do Brasil e foi, principalmente, no litoral nordestino que ela se disseminou. A região chegou a responder por 90% da produção nacional. Assim, o cultivo da cana, juntamente com a urbanização, foi responsável pelo extermínio da Mata Atlântica na região Nordeste.

Mas os tempos mudaram. Hoje, o Nordeste responde apenas por 10% da produção brasileira de cana-de-açúcar, em torno de 60 milhões de toneladas. A área plantada com cana em Alagoas, o maior estado produtor do Nordeste, é de 441,25 mil hectares, enquanto que em São Paulo, o maior produtor do Brasil, é de 4.560,88 mil hectares.

Se por um lado reduziu a presença da cana na região Nordeste, cresceu o conceito de sustentabilidade e os gestores do setor sucroenergético nordestino tentam, pelo menos, amenizar o erro das gerações passadas, investindo em projetos que visam recuperar a Mata Atlântica nas áreas tomadas pela cana. As usinas integram o IPMA (Instituto de Preservação da Mata Atlântica), que visa agilizar a implantação de programas de preservação, conservação e regeneração dos remanescentes florestais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Nordeste, prioritariamente nas áreas dos seus associados.

Um dos exemplos de cuidados com a Mata Atlântica no Nordeste é a Agroindustrial São José, em Igarassú, PE. Por meio de parceria estabelecida com o Refúgio Ecológico Charles Darwin, em 2001, o Grupo Cavalcanti Petribu criou o Parque Ecológico São José, uma das maiores reservas de Mata Atlântica do Nordeste do Brasil. No campo das pesquisas ambientais, estabeleceu convênio, em 2004, por meio da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com a universidade alemã de Ulm, para catalogar as variedades de espécies nativas da fauna e flora do Parque. Afinal, o Parque Ecológico São José é um gigantesco ecossistema, formado por floresta, lagos, açudes, rios e manguezais, com espécies pouco ou nunca estudadas.

Com a aquisição de uma área contígua de quase 1,07 mil hectares de floresta do Grande Recife, às margens da PE–27, no município de Camaragibe, conhecida como a Mata de Aldeia, o Grupo Cavalcanti Petribu ampliou seu patrimônio de reservas florestais, que, se somada à área do Parque Ecológico São José, ultrapassa os 9 mil hectares. Além de reflorestar áreas que até então eram ocupadas pela cana, a São José também adota o modelo de abandonar o plantio em áreas que não são mais economicamente viáveis para o plantio de cana ou outras culturas, deixando a natureza se recompor por conta própria.

Hoje, nas várias ações e programas que implementa, a São José Agroindustrial estabelece parcerias com empresas, organizações não governamentais (ONGs) e com a sociedade civil para garantir a preservação dessa importante reserva de Mata Atlântica e para promover e disseminar uma consciência ecológica através de atitudes perenes. Até porque o Parque Ecológico São José é mais do que um patrimônio da USJ, é um pulmão verde de grande relevância para Pernambuco, para o Brasil e para o mundo.
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