Tarifaço: veja quais produtos brasileiros são exportados para os EUA
31-07-2025

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Decisão dos EUA de impor tarifa de 50% acende debate sobre o peso do mercado americano nas exportações do agronegócio brasileiro

Por Rafaella Dorigo — São Paulo

A ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, que estabelece uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto de 2025, representa uma ameaça para setores estratégicos do agronegócio nacional. A medida pode afetar diretamente as exportações de café, carnes, açúcar, etanol, produtos florestais, entre outros.

A pauta de exportações para o mercado americano é composta, em sua maioria, por produtos de alto valor agregado e grande importância para a economia brasileira. Segundo dados da plataforma Agrostat, do Ministério da Agricultura e Pecuária, os produtos mais exportados pelo Brasil para os EUA são:

  • Produtos florestais (como celulose e madeira): US$ 3,72 bilhões (30,8% do total);
  • Café: US$ 2,07 bilhões (17,2%);
  • Carnes (bovina, suína e de frango): US$ 1,41 bilhão (11,7%);
  • Sucos, principalmente o de laranja: US$ 1,19 bilhão (9,9%);
  • Açúcare etanol: US$ 791 milhões (6,6%);
  • Derivados animais, como miúdos e gorduras: US$ 725 milhões (6%);
  • Outros produtos vegetais, como castanhas, fibras e amendoins: US$ 397 milhões (3,3%);
  • Couros e peles: US$ 328 milhões (2,7%);
  • Fumo e derivados: US$ 255 milhões (2,1%);
  • Pescados: US$ 224 milhões (1,9%).

Esses dez grupos de produtos representam mais de 90% das exportações do agronegócio brasileiro para os Estados Unidos.

Setores como o do café e o das carnes estão entre os mais vulneráveis aos impactos da nova tarifa. O café brasileiro responde por cerca de 30% das importações do grão pelos Estados Unidos e é a base para boa parte da torrefação industrial do país.

Com o aumento de custos, torrefadoras americanas têm buscado antecipar compras e explorar fornecedores alternativos na América Central e na África. Ainda assim, especialistas apontam que o Brasil possui vantagens difíceis de substituir, como padronização, escala de produção e regularidade no fornecimento.

Já no setor de carnes, a competitividade brasileira pode ser ainda mais comprometida. A carne bovina do Brasil já enfrenta uma tarifa adicional de 26,4% e cotas para entrar no mercado americano. Com a nova medida, o custo de exportação pode se tornar proibitivo, favorecendo concorrentes de países como México, Canadá e Austrália.

Fonte: Globo Rural