Tecnologia converte subproduto do etanol em fonte lucrativa e sustentável
13-09-2023

Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um sistema potencialmente inovador capaz de solucionar um desafio ambiental decorrente do processo de produção do bioetanol nas usinas sucroenergéticas.
Por Caroline Roxo (Comunicação Inova Unicamp)
O resíduo resultante desse processo, conhecido como óleo fúsel e cuja maior parte é descartada pelas indústrias, agora pode ser completamente transformado em um subproduto valioso e comercializável: o álcool isoamílico.
Essa tecnologia foi licenciada, com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a empresa Newpro Engenharia e tem potencial de ser aplicada em diferentes setores industriais.
Atualmente, as indústrias já realizam a transformação do óleo fúsel em álcool isoamílico, mas em quantidades mínimas (o restante do material é destinado à queima). O grande problema desse modelo reside no fato de não se saber como esse resíduo, poluente, está sendo descartado pelas indústrias, o que gera preocupações ambientais.
e acordo com Eduardo Augusto Caldas Batista, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp e um dos inventores da tecnologia protegida, o mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar contém não só água e etanol, mas também, em quantidades menores, compostos que interferem na purificação do etanol. Alguns desses compostos minoritários são os álcoois superiores, que precisam ser retirados durante o processo de destilação a fim de não comprometerem a pureza desejada para o etanol. Esse material constitui o resíduo conhecido como óleo fúsel, um líquido viscoso, de cor amarela e com cheiro desagradável que apresenta pouco valor agregado, tanto para comercialização quanto para utilização direta.
“O resíduo gerado pode ser transformado em um produto com alto valor agregado e interessante para outras indústrias, que é o álcool isoamílico. Além disso, o sistema recupera o etanol solubilizado no óleo fúsel e que também seria descartado, aumentando, mesmo que em baixa quantidade, a produção do etanol”, afirma o pesquisador.
Os benefícios desse sistema integrado abrangem diversos setores envolvidos no processo. As usinas sucroenergéticas, por exemplo, poderão comercializar o subproduto concentrado na forma de álcool isoamílico a um valor agregado significativamente maior do que o do óleo fúsel. Além disso, conseguirão recuperar o etanol perdido nesse resíduo, maximizando sua produção, como explicou o professor. As indústrias compradoras do subproduto também se beneficiarão ao obter uma matéria-prima de qualidade. Tudo isso sem contar o destaque positivo principal da inovação, a redução do impacto no meio ambiente ao evitar a contaminação de áreas quando do descarte inadequado desse resíduo.
A tecnologia foi licenciada, com o apoio da Inova Unicamp, para a empresa Newpro Engenharia focando, principalmente, o mercado sucroalcooleiro. Fotos: Pedro Amatuzzi / Edição de imagem: Paulo Cavalheri
Fonte: Unicamp