Tem internet 4G a cada metro quadrado dos 350 mil hectares da São Martinho
01-09-2020

São Martinho - monitoramento em tempo real
São Martinho - monitoramento em tempo real

Enquanto o governo e as operadoras de celular penam para levar internet ao campo, a São Martinho desenvolveu sua rede própria e cada um de seus equipamentos agrícolas está interligado com o centro de operações

Luciana Paiva

A São Martinho S/A conta com quatro unidades produtoras, uma localizada em Goiás e as outras três no interior paulista, uma delas, a Usina São Martinho, instalada em Pradópolis, é a maior processadora de cana do mundo, esmaga mais de 10 milhões de toneladas por safra. O grupo tem capacidade de moagem de 24 milhões de toneladas e registra 350 mil hectares de área agrícola de colheita.

Mario Ortiz Gandini (conhecido também por Marinho), Diretor Agrícola e de Tecnologia do Grupo São Martinho, participou do webinar Recuperação do segmento sucroenergético: fato ou fake? Realizado pela IHARA, empresa especializada em tecnologias e defensivos para a proteção de cultivos, em 27 de agosto.

Marinho afirmou que é fato a recuperação do setor e destacou o case da São Martinho na área de conexão no campo, como um dos fatores que contribui para produzir mais com menor custo. Contou que, em decorrência dos altos números de colheita, que exige, por exemplo, que a cada dois minutos um caminhão despeje cana na esteira da Usina São Martinho – esse é o tempo estimado para não parar a produção – a empresa buscou soluções para incrementar o uso da tecnologia da informação, para isso, procurou, há cerca de seis anos, operadoras de celular para levar conectividade ao campo.

Em palestra, Marinho precisou esclarecer que na São Martinho a internet está presente em cada metro quadrado dos 350 mil hectares da empresa

“Não houve interesse por parte delas. Então, procuramos uma empresa e montamos uma rede própria 4 G. Hoje, as quatro usinas do grupo têm rede 4 G próprias. Participei em março, em Brasília, de um seminário sobre a Internet no campo. Apresentei a nossa experiência, precisei esclarecer que eu estava falando de internet no campo a cada metro quadrado dos 350 mil hectares da São Martinho. E eles estavam falando sobre levar internet no escritório da sede da fazenda”, observou.

 O Diretor Agrícola e de Tecnologia do Grupo São Martinho explicou que a empresa montou uma rede em que cada um de seus equipamentos agrícolas está interligado com o centro de operações. “Costumamos dizer que tem alguém sentado ao lado do operador, se ele estiver com excesso de rotação, de velocidade, ou se tiver parado, naquele momento alguém pergunta para ele o que está acontecendo. Essa telemetria passa a trazer um resultado fantástico. Por exemplo, acompanhamos um equipamento de pulverização, sabemos a vasão de cada bico e podemos alterar a programação de aplicação.”

Entre as muitas vantagens oferecidas pela rede 4 G, está a possibilidade de a São Martinho colocar um navegador próprio (tipo Wase) em seus caminhões, que saem com um itinerário na tela. “ O transporte de cana, principalmente a noite não é fácil, se um veículo com duas composições, entrar errado em um carreador, será necessário desengatar o caminhão e puxar para trás com o trator, para que ele possa sair, pois não dá para manobrar em nenhum lugar. Com o navegador, não ocorre esse tipo de erro, com isso, ganhamos eficiência, economia de combustível e reduzimos a perda de tempo.”

Análise de dados das colhedoras gerou aviso de falhas antecipado

A geração, coleta e análise dos dados produzidos no campo traz ganhos para a São Martinho. “Temos especialistas trabalhando na coleta de dados. E isso apresenta bons resultados, por exemplo: analisando os dados de colhedoras de cana por seis meses de safra, conseguimos identificar com antecedência de 26 horas um defeito que estava nos causando bastante paradas e diminuindo a disponibilidade dos equipamentos. É claro que é só o começo, é uma tecnologia nova, ainda não existe um especialista formado em levantamento de dados. A Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia vai formar a primeira turma”, e alguns desses alunos são nossos estagiários. O que pode se esperar disso é um resultado positivo no sentido de produzir mais e ter custos menores e tendo sustentabilidade ambiental e econômica cada vez maiores.

São Martinho conta com 350 mil hectares de área agrícola de colheita conectada

Marinho salientou que o que pode ser feito com a internet 4 G a São Martinho tem feito, mas que a 5 G já começa a dar sinais, o que vai incrementar ainda mais a conectividade. Disse que agora há operadoras que se interessam pelo caso da São Martinho e que a procuram para saber mais, pois estão interessadas em investir na internet no campo. “Com o fim da TV Analógica sobrou uma faixa de 700 MHz, as operadoras querem utilizá-la, mas a nossa rede trabalha com uma faixa de 200 MHz, é que quanto menor a frequência, maior o alcance de nossas antenas”, observou.

Que as operadoras de celular e o governo brasileiro aprendam com o exemplo da São Martinho a como levar de forma eficiente internet a cada metro quadrado do campo brasileiro.

Fonte: CanaOnline