Tendência de inadimplência no CBios gera pessimismo, diz Itaú BBA
10-06-2024

CBios devem ser mandatoriamente comprados por distribuidoras de acordo com suas vendas de combustíveis fósseis

Por Reuters

Um aumento da inadimplência por distribuidoras de combustíveis no mercado de créditos de descarbonização do Brasil (CBios) tem gerado pessimismo no segmento, afirmou o Itaú BBA em análise nesta sexta-feira (7).

Segundo o banco de investimento, o mercado de CBios — os quais devem ser mandatoriamente comprados por distribuidoras de acordo com suas vendas de combustíveis fósseis — ainda sofre com recursos judiciais para postergar a entrega dos créditos e o pagamento de multas.

As sanções aplicadas pela reguladora do setor ANP, por sua vez, são consideradas baixas, o que é um incentivo à inadimplência, acrescentou o Itaú BBA.

“Essa tendência de alta da inadimplência com o programa de descarbonização vem infligindo um pessimismo entre os participantes do mercado. A sensação é de que apenas as distribuidoras que prezam pela sustentabilidade e a sua imagem frente a sociedade irão permanecer assíduas ao programa”, alertou o Itaú BBA, que divulga um monitoramento quinzenal.

Com o mercado pessimista sobre a questão da inadimplência, o preço médio dos CBios nas negociações em 31 de maio foi 81,89 reais, acentuando o movimento de queda de preços dos últimos meses, em patamar 20% abaixo da média de 2024, notou o banco.

Preços mais baixos de CBios impactam os negócios de indústrias de etanol e de biodiesel, que são os emissores dos créditos.

Até o momento, a ANP aplicou multas para as empresas inadimplentes para com as metas de 2019-20 e 2021. “Sendo que, além de passíveis de recursos e liminares para postergar a entrega dos créditos e o pagamento de multa, em média, as multas ficaram próximas dos 57 reais/CBios para a meta 2021, abaixo do seu valor mercado”, destacou.

Segundo o banco, a judicialização das regras e a morosidade nas punições levantam dúvidas sobre a possibilidade de sucesso do programa no longo prazo.

“Assim, o equilíbrio de mercado dos créditos de descarbonização, se o programa virar de facto não mandatório, será certamente com preços menores”, disse.

Na semana passada, o governo oficializou a inclusão na meta de descarbonização anual de 2024 a totalidade do volume de créditos não-entregues pelas partes obrigadas referente a meta de 2023.

A meta anual de 2024 para as distribuidoras passou de 38,8 milhões para 46,4 milhões de CBios. “Esse incremento de praticamente 20% do volume de créditos de descarbonização deveria ser um fator construtivo para o mercado de carbono do Brasil, porém ele continua na sua tendência recente de queda de preços”, disse o Itaú BBA, notando que, em parte, este efeito era esperado.

Pela regra atual, toda obrigação não cumprida por uma distribuidora em um ano, reverte-se no aumento da sua meta individual do próximo ano.

Já o volume negociado de CBios no mês de maio seguiu fraco, com 5,7 milhões de créditos comercializados no período. Devido a base fraca de abril, maio ficou 8% acima na comparação mensal. Contudo, o volume de maio de 2024 ficou 48% menor que o mesmo mês do ano passado, apontou o relatório.

Do site: Forbes