Terceiro eixo organiza colheita por idade e alavanca produtividade do canavial
01-02-2018

Em 2010, o produtor mineiro Daine Frangiosi, de Campo Florido, participou de uma palestra no Canacampo Tech Show - sob o comando do diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell - que apresentava um novo conceito em colheita de cana-de-açúcar chamado de Matriz Tridimensional, popularmente conhecido como “Terceiro Eixo”. O sistema consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade, iniciando a safra com as canas mais novas e finalizando com as mais antigas.

O conceito é bastante simples, embora a execução possa ser um pouco complicada. Primeiramente, é colhida toda a cana planta, seguida das socas de segundo corte e, posteriormente, de terceiro. E assim sucessivamente. No ano seguinte, a colheita da área será realizada sempre com um mês de atraso. Se este ano foi em abril, no próximo será em maio. O objetivo é ganhar um mês de idade do canavial. Um maior período para crescimento resultará em melhor maturação e maiores taxas de produção.

Frangiosi confessa que, no início, achou a ideia um tanto estranha, pois ela abandona o conceito tradicionais de canas precoces, médias e tardias. Com a Matriz do Terceiro Eixo, uma cana tardia pode acabar sendo colhida no começo da safra. “A dúvida acabou a partir do momento em que coloquei o sistema em prática e comecei a enxergar os benefícios.”

Logo no primeiro ano, a produtividade do produtor saltou de 70 toneladas de cana por hectare (TCH) para 86 TCH. A partir dali, só acima dos três dígitos. Em 2017, por exemplo, o balanço final apresentou uma produtividade média de 116 TCH. “A Matriz do Terceiro Eixo é, sem dúvida, um dos meus segredos para obtenção de altas produtividades.”

De Matriz Bidimensional para Tridimensional

O conceito hoje conhecido por Terceiro Eixo surgiu a partir de uma matriz - desenvolvida pelo Instituto Agronômico (IAC) há mais de 20 anos - composta por dois fatores: ambiente de produção (favorável, médio e desfavorável) e época de colheita (outono, inverno e primavera). “Tínhamos em mãos uma matriz de dois fatores com três níveis, totalizando nove células. Nomeamos de Matriz Bidimensional”, explica o diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell.

Em 2006, uma série de estudos realizados visando entender a fundo o sistema radicular da cana culminou na adição de um terceiro fator à matriz: ciclo da planta. De acordo com Landell, foi notado que, a cada corte, o sistema radicular da cana se avoluma e se aprofunda no perfil do solo. Exemplificando: uma cana de quinto corte estará mais protegida contra a seca do que uma cana planta, pois será capaz de entrar em contato com a água que está localizada numa profundidade impossível de ser alcançada pela raiz de uma cana mais nova.
“Com a adição do terceiro fator, a outrora Matriz Bidimensional passou a ser Tridimensional, que nada mais é do que um sistema de colheita que busca mitigar e reduzir a exposição dos canaviais a déficit hídrico, em especial daqueles com maior potencial de produção - cana planta e socas de segundo e terceiro corte.” Estimativas apontam que, a cada 100 mm de redução de déficit hídrico no ciclo da cultura, é possível aumentar a produtividade de 7 a 10 TCH.

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