Uberaba é exceção entre as cidades líderes em produção agrícola
06-11-2015

A renda na produção de grãos no Brasil se desloca em definitivo para as cidades da região Centro-Oeste e para parte do Nordeste.

Entre os 20 principais municípios que obtiveram os maiores valores de produção no ano passado na produção agrícola, apenas um -o 20º- não fica nessas duas regiões.

Esse posto foi ocupado por Uberaba (MG) e se deve à evolução da cana-de-açúcar, que participou com 40% do valor de toda a produção do município.

Os dados são do PAM (Produção Agrícola Municipal), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e foram divulgados nesta quinta-feira (5).

A disputa pelo primeiro lugar nos últimos anos continua sendo entre São Desidério (BA) e Sorriso (MT).

O primeiro, que se destaca pela produção de algodão, liderou o valor da produção neste ano. Já Sorriso está no segundo posto, principalmente pela produção de soja.

Por dois anos, em 2010 e em 2013, o município de Cristalina (GO), impulsionado pelos bons preços do tomate, avançou para a segunda posição desse ranking.

A concentração municipal do valor de produção é tão grande no Centro-Oeste -e avança pelo Nordeste- que o primeiro município de São Paulo a aparecer na lista das maiores produções está no 36º posto. Paraná tem o primeiro na 40ª posição, à frente do Rio Grande do Sul -42ª.

A presença maciça de municípios do Centro-Oeste na lista dos que obtiveram os maiores valores de produção se deve ao avanço da soja.

A oleaginosa liderou a renda de 41 municípios entre os principais 50 listados pelo IBGE.

Algodão, cana-de-açúcar, café e milho e café aparecem na liderança de outros nove.

O valor da produção agrícola subiu para R$ 251 bilhões no ano passado, 8,1% mais do que em 2013.

Essa aceleração ocorreu devido à produção de 86,8 milhões de toneladas de soja, cuja renda foi a R$ 84,4 bilhões, segundo o IBGE.

Com uma produção tão acentuada e preços em alta, a soja em grãos participou com 34% de toda a geração do valor agrícola no ano passado. Cana-de-açúcar (17%), milho (10%) e café (6%) vieram a seguir.

Apesar de as receitas com as culturas temporárias caminharem para o Centro-Oeste, São Paulo ainda mantém a liderança na participação do valor total do país.

Essa liderança vem, em parte, das culturas perenes, como citricultura. Esse valor é engrossado, ainda pela cana-de-açúcar e pelo café.

Mato Grosso, que havia perdido a segunda posição para o Paraná em 2013, devido à quebra de safra, voltou a esse posto, com 14% do valor de produção do país.

O valor da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas subiu para R$ 137 bilhões, enquanto o da fruticultura foi a R$ 25 bilhões.

Banana e laranja são as principais frutas do país, com valores de R$ 5,5 bilhões cada uma, enquanto Petrolina (PE) e São Joaquim (SC) são os líderes no valor da produção no setor.


Safra A consultoria Céleres alterou as estimativas de área para soja, que subiu para 32,8 milhões de hectares na safra 2015/16. Essa área supera em 3,3% a do período anterior. A produção deverá atingir 99 milhões de toneladas.

Milho O aumento da área de soja fará com que haja um recuo na de milho no período do verão. Os novos números da Céleres indicam 5,7 milhões de hectares, 5,5% menos do que em 2014/15. Já na safra de inverno, a área deverá subir para 9,6 milhões de hectares, 4,4% mais.

Produção Com as novas estimativas de áreas, a colheita de inverno deverá cair para 29,3 milhões de toneladas, mas a de inverno irá para 57 milhões, 3% mais, segundo a consultoria.

*Texto publicado na coluna Vaivém das Commodities.

Mauro Zafalon