Unioeste avança em tecnologias para transformar biogás em energia limpa no oeste do Paraná
08-12-2025

Universidade desenvolve rotas para produção de biometano e hidrogênio e reforça integração entre pesquisa aplicada e demandas do agronegócio regional

A produção de energia renovável ganha novo impulso no oeste do Paraná, região marcada pela forte atividade agroindustrial e pelo elevado volume de resíduos orgânicos. Nesse cenário, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo, consolida-se como um polo de inovação ao desenvolver tecnologias que elevam o valor energético do biogás.

A iniciativa é conduzida pelo professor Carlos Eduardo Borba, do curso de Engenharia Química, que lidera pesquisas voltadas à produção de biometano e hidrogênio, dois vetores considerados estratégicos para a transição energética.

O grupo coordenado pelo docente trabalha na criação e otimização de rotas que permitam transformar o biogás bruto, abundante em propriedades rurais e agroindústrias locais, em produtos de maior valor agregado. Uma das frentes de pesquisa dedica-se à purificação do biogás via adsorção, processo descrito como um filtro molecular seletivo que remove CO₂ e H₂S até atingir padrões equivalentes ao gás natural veicular.

Outra linha se concentra na geração de gás de síntese rico em hidrogênio, combinando tecnologias como reforma a seco e reação de deslocamento gás-água. A conversão de metano e CO₂ nessas condições abre oportunidades em setores industriais e nas futuras cadeias de hidrogênio de baixo carbono.

As pesquisas integram redes como o NAPI-H2 e o NAPI-Biogás, além de parcerias com o LABMATER da UFPR e o CIBiogás. Um dos diferenciais, segundo Borba, está no desenvolvimento de modelos matemáticos capazes de orientar decisões técnicas e econômicas.

“Esses modelos ajudam a definir se o biogás de uma determinada fonte deve ser purificado para biometano ou convertido em gás de síntese, permitindo uma aplicação mais eficiente e sustentável”, afirma.

Os potenciais impactos extrapolam a esfera acadêmica. A transformação de resíduos agroindustriais em energia reduz emissões de metano e fortalece a autonomia energética regional. “Ambientalmente, deixamos de tratar resíduos como problema e passamos a enxergá-los como fonte renovável. Energeticamente, o biometano pode substituir o diesel em frotas e o gás natural na indústria, fortalecendo o agronegócio”, diz Borba. Já o hidrogênio abre novas perspectivas para uma economia de baixo carbono apoiada em recursos locais.

Borba destaca ainda o papel da Unioeste como articuladora do ecossistema de inovação paranaense, conectando ciência e setor produtivo.

“A Universidade está no coração da região agroindustrial e direciona suas pesquisas para necessidades reais, como gestão de resíduos e energias renováveis. Buscamos transformar conhecimento científico em soluções práticas que gerem valor econômico, social e ambiental”, afirma.