Usina Batatais aponta potencial de aumento na demanda global de etanol impulsionado pelo SAF
A demanda mundial por etanol pode crescer até nove vezes com a expansão do uso do SAF e para aproveitar essa oportunidade com eficiência e competitividade, o setor bioenergético precisa se preparar. Essa é a visão de Luiz Gustavo Diniz Junqueira, diretor comercial e financeiro da Usina Batatais, que participou da mesa redonda “Segurança Energética e Inovação: o papel do Brasil no Mercado Global de Etanol”, na Reunião Anual da Fermentec, nesta quarta-feira (30).
“Se considerarmos que o mundo consome cerca de 400 bilhões de litros de querosene de aviação, apenas 10% substituídos por SAF representariam 40 bilhões de litros. Convertendo isso para etanol, estamos falando de um mercado potencial de 80 bilhões de litros. Uma pequena fatia já seria um avanço significativo para o Brasil nos próximos dez anos”, afirmou.
Junqueira alertou que o custo pode travar o SAF: “Nos EUA, ele custa mais que o dobro do querosene comum. Se essa diferença persistir, mesmo com mandatos, a aviação buscará alternativas. Precisamos tornar o etanol competitivo”. Citou o etanol de segunda geração como exemplo de lição: “Não engrenou por causa do custo. O SAF não pode repetir isso”.
Para o executivo, tanto o setor de cana quanto o de milho terão papel-chave. “O milho tem custo mais baixo e pode sair na frente. Mas não basta tecnologia: precisamos de políticas públicas, financiamento e reforma tributária para eliminar distorções”. Ele defendeu que multinacionais e fundos liderem o início com pelo menos 3 ou 4 plantas de SAF no Brasil nos próximos cinco anos.
Junqueira sugeriu campanhas para fortalecer a imagem do etanol: “Com 20 centavos por tonelada de cana em comunicação, mudaríamos a percepção de mercado”.
“O Brasil tem matriz limpa e potencial único. O SAF pode ser o motor de uma nova era para o setor sucroenergético, mas só se entregarmos volume a custo competitivo, alinhando tecnologia, política e mercado”, concluiu.