Usinas esperam fim de cota sem tarifa para importação de etanol
31-07-2019

A cota que garante importação sem tarifa de 600 milhões de litros por ano de etanol pelo Brasil deve acabar no final de agosto, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a principal associação de usinas no país.

Com seu fim, o setor espera limitar importações de etanol dos Estados Unidos. O principal motivo para a limitação é o pagamento da Tarifa Externa do Mercosul (TEC), de 20%.

As importações têm ficado acima do volume da cota desde que ela foi implementada, em setembro de 2017. Elas são realizadas mesmo com a tarifa, com os norte-americanos escoando seu excedente de produção e respondendo quase pela totalidade das compras brasileiras.

"A expectativa é de que acabe essa cota", disse o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão, ao ser questionado pela Reuters.

Segundo Leão, manter qualquer facilidade para importações de etanol dos Estados Unidos criaria um problema adicional à indústria de cana, que se preparou para o fim da cota.

As importações de etanol anidro pelo Brasil mais que dobraram em 2017, para 1,8 bilhão de litros, o que levou o país a impor barreiras ?o combustível, até agosto daquele ano, estava em uma lista de exceção da TEC e tinha tarifa zero.

Em 2018, quando a tarifa para volumes extra cota vigorou pelo ano inteiro, o Brasil registrou importações de cerca de 1,7 bilhão de litros, segundo dados Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência reguladora aponta também compras externas de cerca de 800 milhões de litros de janeiro a maio de 2019.

O etanol anidro é misturado à gasolina e seu consumo tem se mantido relativamente fraco no país. Já o consumo de etanol hidratado, usado diretamente nos carros, segue crescente no Brasil, mesmo com o setor enfrentando dificuldades para aumentar a produção de cana no centro-sul.

Trump não citou um produto especificamente, mas disse que o Brasil coloca muitas tarifas para importações. Os Estados Unidos são os maiores produtores globais de etanol. Eles fabricam o combustível a partir do milho, cuja produção tem forte relação com a base eleitoral de Trump.

Anteriormente, a Unica chegou afirmar que, se visam o livre comércio, os Estados Unidos everiam abrir seu mercado de açúcar, que tem restrições a exportações do Brasil, o maior exportador global.

Leão destacou que o setor quer o fim da cota sem tarifa, "mas nada impede que no médio e longo prazos haja espaço para uma discussão" comercial com os Estados Unidos, que possa envolver açúcar e etanol.

Fonte: Folha de S. Paulo