Usinas esperam retomada do consumo de etanol
01-08-2014
A demanda menor de combustível nos últimos meses tem reduzido as entradas de caixa das usinas nesta safra 2014/15. Além disso, a remuneração no setor sucroalcooleiro registou leve recuo no mês passado.
Outro fator de aperto é o encurtamento da safra --que deverá terminar mais cedo neste ano--, concentrando os custos de produção em um período menor.
O quilo de ATR (Açúcar Total Recuperável) está em R$ 0,466 no acumulado da safra até julho, conforme dados divulgados nesta quinta pelo Consecana (Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo). Em junho, o valor era de R$ 0,467 por quilo.
Essa falta de reação dos preços ocorre, principalmente, devido à demanda menor por combustíveis. No primeiro bimestre do ano, o consumo vinha com uma elevação de 10% ante igual período de 2013. Nos dois últimos meses, houve uma queda de 5%.
A economia, um pouco abalada, e a menor movimentação dos brasileiros em julho, devido às férias e à Copa do Mundo, seguraram a demanda por combustíveis, que deve voltar a aumentar a partir deste mês.
Se esse aquecimento ocorrer e o mercado começar a ler com mais clareza os efeitos desse encurtamento da safra, os preços vão reagir, segundo Antonio de Padua Rodrigues, da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Padua diz que a não reação dos preços e a quebra de safra elevaram os custos de produção neste ano. O diretor da Unica acredita que haverá uma recuperação de preços com a volta da demanda e que poderá melhorar também a remuneração da cana-de-açúcar para os produtores.
O valor médio da cana está em R$ 62 por tonelada nestes primeiros meses de colheita, tomando como base a rentabilidade da matéria-prima.
*Texto originalmente publicado na coluna Vaivém das Commodities.
Mauro Zafalon