Uso de milho na produção de etanol cai 9,5 milhões de toneladas nos EUA
13-04-2020

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Queda do petróleo, alta nos custos, coronavírus e menor consumo de combustível afetam indústrias.

Os Estados Unidos vão processar 9,5 milhões de toneladas de milho a menos do que esperavam na produção de etanol nesta safra. Previsto anteriormente em 138 milhões de toneladas, o consumo cairá para um volume próximo de 128,5 milhões.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Os americanos usam 38% de todo o milho colhido para produzir etanol.

O recuo se deve à queda nos preços do petróleo e à menor utilização de combustíveis pelos americanos, devido ao forte efeito do coronavírus no país.

A safra atual, a 2019/20, termina em 31 de agosto. A redução do uso do cereal para a produção do combustível deverá ser ainda maior na próxima, a 2020/21, principalmente se houver uma continuidade nos preços baixos do petróleo.

A mistura de etanol à gasolina é regulamentada pelos estados e pode chegar a 15% nos Estados Unidos. Os preços baixos do petróleo tornam o etanol de milho pouco competitivo, obrigando as usinas a reduzir a produção, como já está ocorrendo.

Com uso menor na produção de combustível, os Estados Unidos deverão exportar mais milho. Os números para essa safra não deverão ter grandes alterações, e estão projetados em 43,8 milhões de toneladas.

Na safra 2020/21, que começa em setembro, os americanos poderão ocupar uma fatia maior do mercado internacional.

No Brasil, o etanol é basicamente feito de cana-de-açúcar, e os preços já recuaram 32% desde o início de março. Essa queda se deve à entrada da nova safra e à menor utilização de combustível devido à quarentena.

A safra americana de milho está prevista em 348 milhões de toneladas para este período pelo Usda. O órgão governamental estima 101 milhões para o Brasil e 50 milhões para a Argentina. A produção mundial atingirá 1,11 bilhão de toneladas, para um consumo de 1,13 bilhão.

O Usda divulgou, ainda, a produção de soja, que deverá recuar para 96,8 milhões de toneladas no país. O órgão reduziu as expectativas de exportações americanas da oleaginosa e elevou a necessidade de importação da China.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também divulgou os números da produção de grãos no Brasil nesta quinta-feira. O país terá o recorde de 252 milhões de toneladas, 4% mais do que na safra anterior. Soja, com 122,1 milhões de toneladas, e milho, com 102 milhões, serão responsáveis por 89% do volume nacional a ser colhido (Folha de S.Paulo, 10/4/20)

Oferta de milho nos EUA deve crescer com desaceleração do mercado de etanol, diz USDA

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) elevou nesta quinta-feira sua estimativa para as ofertas norte-americanas de milho, diante de expectativas de consumo reduzido do grão por produtores de etanol, uma vez que a demanda pelo biocombustível despencou devido à disseminação do novo coronavírus.

Os estoques finais de milho dos EUA para o ano comercial de 2019/20 foram projetados em 2,092 bilhões de bushels, ante estimativa de 1,892 bilhão de bushels em março, superando as previsões do mercado, de 2,004 bilhões de bushels.

O consumo pelo setor de etanol foi reduzido de 5,425 bilhões de bushels para 5,050 bilhões de bushels.

O USDA também projetou os estoques finais de trigo dos EUA em 970 milhões de bushels, e os de soja em 480 milhões de bushels. Analistas esperavam que o número para o trigo fosse de 940 milhões de bushels, enquanto os estoques finais de soja eram vistos em 430 milhões de bushels, segundo a média das estimativas compiladas pela Reuters em pesquisa.

 

Reuters