Veja por que o genoma da cana-de-açúcar é um quebra-cabeça
23-02-2016

Como fazer melhor no setor sucroenergético? Nas mais diferentes áreas do setor sucroenergético, sempre há algo a ser aperfeiçoado, projetos a avançar, desafios a serem superados. 

Uma área que já avançou bastante, mas que ainda tem muito a progredir é a de pesquisas biotecnológicas em cana-de-açúcar. Um mundo em que os anos de pesquisa possibilitam apenas pequenos passos, exigindo a dedicação de profissionais competentes, abnegados e pacientes.
“Por mais que já tenhamos avançado, poderíamos avançar muito mais se já tivéssemos o genoma completo da cana-de-açúcar, o que não existe. E sentimos muita falta disso”, relata Anete Pereira de Souza, professora e pesquisadora da Unicamp em genética e genômica vegetal.
Segundo ela, o que se tem é o sequenciamento de parte do genoma da cana. “É como se tivéssemos um quatro, em que foram pintados apenas alguns trechos. Ou seja, temos visão incompleta do genoma.”
Mas essa tarefa não é simples, por conta da complexidade da cana-de-açúcar em relação a outras plantas. Sem contar que há variação entre as próprias variedades de cana. “Não temos o genoma porque é difícil mesmo. Pode-se sequenciar tudo, mas e como montar o genoma depois? Esse pedaço vai com qual? É um quebra-cabeça difícil de ser montado”, explica Anete, que é uma das mulheres que há anos se dedicam às pesquisas biotecnológicas em cana-de-açúcar no Brasil.
Um segundo grande avanço das pesquisas seria fazer um mapa genético molecular. “Hoje em dia é clara a compreensão de que, para montar o genoma de uma planta tão complexa como a cana, primeiro temos que ter um mapa genético molecular. Esse mapa exige desenvolvimento de muitas ferramentas genético-estatísticas e moleculares e é nisso que tenho trabalhado desde 1997”, afirma a professora.
No entanto, com as tecnologias disponíveis hoje, ela acredita que está mais perto finalizar esse mapa genético molecular. E assim que concluído, auxiliará muito não apenas na montagem do genoma da cana, mas a metodologia da genético-estatística aplicada permitirá fazer o mesmo processo em outras plantas com a mesma complexidade, como as forrageiras (que também são poliploides, como a cana-de-açúcar).
“Esse mapa integrado vai gerar um mapa genético molecular que permitirá a montagem do genoma da cana. Assim poderemos compreender como é o controle do funcionamento dos genes na cana.”
Será um grande avanço. “Afinal, enquanto o ser humano tem duas variações de um mesmo gene – uma do pai e outra da mãe -, na cana são 8, 10 ou mais, podendo chegar até a 14.”
Mas como isso funciona em cana-de-açúcar?
Esta é uma das várias perguntas que pesquisadoras como Anete se fazem todo dia. Mas a compreensão de qualquer questão ficará muito mais simples quando o mapa genético molecular da cana estiver completo e correto, com todos os cromossomas.
Assim como Anete, diariamente centenas de outras mulheres dedicam o dia a dia em benefício do setor sucroenergético em suas respectivas áreas. Veja alguns depoimentos delas na Editoria Holofote da edição de março da Revista CanaOnline.

Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.