Vendas de etanol disparam em Minas
20-05-2015

Após a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente sobre o etanol hidratado, de 19% para 14%, o que tornou o preço do combustível renovável mais competitivo frente ao da gasolina, a comercialização do produto em Minas Gerais vem batendo recordes. Apesar da maior demanda, a situação das usinas instaladas no Estado continua crítica, já que os preços recebidos pelas mesmas estão abaixo do praticado no ano passado.

Segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), as vendas de etanol estão em alta. Somente em março, mês que a redução do ICMS passou a valer a partir da segunda quinzena, a comercialização somou 105 milhões de litros de etanol hidratado, o que representou avanço de 101% frente a março de 2014 e de 26% sobre o volume comercializado em fevereiro. Para abril, que ainda não teve os números fechados, a expectativa da Siamig é atingir um volume de 150 milhões de litros, o que se alcançado será um recorde histórico para o Estado.

"Após a redução do ICMS os preços do etanol hidratado ficaram mais competitivos que os da gasolina e, com isso, estamos registrando consumo cada vez maior. Em abril chegamos até mesmo a identificar dificuldades das distribuidoras em entregar o etanol aos postos de combustível, isso pela forte demanda que causou dificuldade na hora de acertar a entrega. Também percebemos que a estrutura dos postos que comercializam etanol ainda é pequena no Estado, mas devido à boa perspectiva de negócios, vem ocorrendo uma mudança do panorama, com vários postos migrando a estrutura de outro combustível para etanol", explica o presidente Siamig, Mário Campos.

Preços

Apesar da forte demanda pelo combustível renovável, as usinas ainda não foram beneficiadas. Isso porque os preços pagos pelo etanol estão em baixa. De acordo com Campos, o valor pago ao produtor pelo litro de etanol está em média R$ 1,23, sem impostos, preço 8,9% inferior ao praticado em igual período do ano passado.

"Toda esta forte demanda ainda não refletiu em rentabilidade para o produtor. O que percebemos é que, em muitos casos, o etanol teria condição de estar ainda mais barato para o consumidor. Tanto os postos quanto as distribuidoras tiveram as margens elevadas com a comercialização do etanol durante o período, mas as usinas não conseguiram preços melhores. A situação é complicada, pelo fato de algumas estarem com dificuldade financeiras e necessitam vender o combustível para quitar dívidas. Além disso, o período de safra também pressiona os preços. necessário que o produtor ganhe mais, para manter a produção e a oferta em crescimento para atender a demanda", avalia Campos.

Ainda segundo o representante da Siamig, o valor mínimo necessário para garantir margem às usinas seria de R$ 1,35 por litro de etanol hidratado. " possível reajustar os preços pagos às usinas e garantir rentabilidade para o setor sem retirar a competitividade do etanol para o consumidor, garantindo também uma parcela de lucro aos postos e distribuidoras".

Safra

Em relação à safra atual, as expectativas são positivas. De acordo com o levantamento da Siamig, devido ao clima favorável, a moagem de cana-de-açúcar encerrou abril com crescimento de 14% em relação a igual período do ano passado e esmagamento de 4,1 milhões de toneladas de cana.

Como esperado, o mix da safra atual é mais alcooleiro, com a destinação de 66% do volume de cana para a geração de etanol. Até o final de abril, a produção de etanol total já somava 164 milhões de litros, elevação de 22% frente a igual intervalo da safra passada. Somente a produção de etanol hidratado ficou 41% maior, somando 130 milhões de litros, frente aos 91 milhões fabricados anteriormente. A produção de anidro recuou 19%, encerrando abril em 34 milhões de litros.

A produção de açúcar cresceu 10% e somou 136 mil toneladas. O índice de Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana-de-açúcar (ATR/TC), 102 quilos por tonelada de cana, ainda é pequeno quando comparado com a média da safra passada, 135 kg/tc, mas superior quando confrontado com igual período de 2014, quando o índice estava em 99 kg/tc. A expectativa é recuperar o volume ao longo do ano.