Volta a crescer infestação de Sphenophorus levis nos canaviais paulistas
28-09-2022

Canavial atacado por Sphenophorus levis
Canavial atacado por Sphenophorus levis

Praga, que parceria estar sob controle, apresenta aumento de incidência, provocando muitas falhas no canavial e quebra de produtividade na Safra 2022/23

Após grande infestação de Sphenophorus levis (S. levis.)  nos canaviais paulistas entre 2010 e 2018, que provocou fortes perdas, e se alastrou pela região Centro-Sul, a impressão que dava era que produtores e usinas haviam aprendido a controlar a praga. Realizando o plantio de mudas sadias, rotação de culturas, principalmente com crotalária, aplicando defensivos modernos de forma correta, e até mesmo destruindo soqueiras infestadas e renovando o canavial.

No entanto, a safra 2022/23 no interior paulista registra o retorno de alta infestação de Sphenophorus. É o que acontece na região de Guariba, José Antonio de Souza Rossato Junior, produtor rural e vice-presidente da Coplana (Cooperativa Agroindustrial), observa que o atual ciclo canavieiro não está sendo dos melhores, o resultado tímido deve-se muito ao clima adverso do ano passado, com estiagem longa e severa, geadas e incêndios. Que provocaram morte da socaria e de mudas, além de atraso no desenvolvimento da cana. Para piorar o cenário, segundo Rossato, os canaviais apresentam alta infestação de Sphenophorus, aumentando as falhas nas soqueiras.

Fases da vida do Sphenophorus 

Essa observação também foi levantada por Renato Ducatti Delarco, produtor rural na região de Monte Azul Paulista. Delarco salienta que grandes áreas dos canaviais estão infestadas pela praga, reduzindo a produtividade ou até matando a cana. Os produtores não sabem os motivos do aumento da presença do Sphenophorus, se houve negligência no controle ou se os efeitos climáticos contribuíram para a maior infestação. Em decorrência da dificuldade de controle, poder de disseminação e pelo índice de perda, que varia de 30% a 60%, podendo levar a renovação antecipada do canavial, o Sphenophorus é apontado por muitos como a principal praga dos canaviais.  COMO CONTROLAR AS INFESTAÇÕES DE SPHENOPHORUS LEVIS  

A orientação fundamental para quem vai formar canavial é plantar muda sadia. Além da sanidade das mudas, é preciso realizar o monitoramento do canavial, fazer amostragens e aplicar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para aumentar a eficiência do controle. Recomenda-se iniciar o monitoramento antes de realizar o plantio. A frequência e o método de amostragem dependem da fase de desenvolvimento da cultura e do nível de precisão que se pretende conduzir o manejo. Quanto maior a frequência e tamanho da amostra melhor.

Danos do Sphenophorus na cana

O pesquisador Newton Macedo aconselha que áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente, para diminuir a pressão da população em áreas vizinhas. O correto é usar um eliminador de soqueiras.

Macedo alerta que, para realizar a destruição mecânica de soqueiras, dois aspectos importantes devem ser considerados nesta operação: a época de execução e o uso correto do implemento agrícola. “Como as formas biológicas se concentram nas touceiras, essa operação dever ser realizada de março a setembro, ou seja, do final até o início das chuvas, coincidindo com o período seco (deve trabalhar levantando poeira) e temperaturas amenas do ano, em que há maior concentração de larvas e outras formas biológicas, pupas e adultos. Áreas com presença de S. levis, devem ter seu planejamento de reforma diferenciado em virtude desta praga, visando maximizar esta operação.”

Em áreas com mais de 30% dos tocos atacados pela praga, a orientação é eliminar a socaria e reformar o canavial

Antes de destruir a soqueira mecanicamente, Macedo instrui que é preciso aplicar glifosato. Já o eliminador de soqueira deve passar em faixas alternadas, com retorno em 15 dias para o bom secamento do material vegetal e a ação de predadores (principalmente carcarás). Depois da total eliminação, passar uma grade, ainda no período seco. Após a eliminação da soqueira, o pesquisador também aconselha realizar o preparo de solo convencional. “A subsolagem, aração e gradagem promovem um ressecamento da camada superficial do solo, reduzindo significativamente as formas biológicas de S. levis. Isso, quando possível, seguido de um vazio sanitário e/ou rotação de culturas. Amendoim e soja reduzem a população da praga. As áreas com altas infestações que não terão rotação de cultura, devem receber uma aplicação de inseticida incorporado em área total na 3ª gradagem.”

Já as áreas de colheita com infestações entre 10 e 30% de toletes atacados, não necessitam ser renovadas, mas é preciso aplicar um controle eficiente. Macedo orienta a fazer dois tratamentos químicos: o 1º logo após a colheita (cortando a soqueira), quando são visíveis os perfilhos da linha, aplica-se o inseticida, com volume de calda de 150 a 200 litros por hectare. O 2º tratamento deve ser realizado no período de primavera/verão.

O Pesquisador observa que as áreas cujo levantamento pós-colheita indicar presença da praga, mesmo com baixo índice de tocos atacados, devem receber o tratamento de soqueira em área total. Macedo também salienta que, logo após a colheita, antes de utilizar o cortador de soqueira, deve-se passar o desenleirador de palha somente na linha da cana, essa operação faz com que o produto químico chegue diretamente à base da touceira

Macedo alerta que usinas e fornecedores que já detectaram este inseto em seus canaviais devem manter uma estratégia bem agressiva de seu controle, inclusive realizar a limpeza e aplicação de inseticidas nas colhedoras, transbordos e equipamentos para evitar que num futuro próximo a referida praga se alastre mais e torne a cultura da cana um negócio inviável economicamente. “São estratégias de convivência com a praga uma vez que a erradicação está fora de possibilidades técnicas.”

Fonte: CanaOnline